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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Além do Tempo, um "arroz com feijão" bom demais




Substituir uma novela impecável e tão querida e elogiada por público e crítica como Sete Vidas, não é uma tarefa fácil. Focada nos diálogos e sem vilões e mocinhos, a trama de Lícia Manzo fugiu completamente aos clichês tradicionais de todo folhetim. Por isso, a grande dúvida era justamente essa: será que uma novela nos moldes tradicionais seria capaz de continuar cativando o público? Sim! Além do Tempo não só manteve a audiência, como a aumentou! A trama possui, até o momento, média geral de 21 pontos. Trata-se da maior audiência do horário das seis desde Flor do Caribe (21 pontos), de 2013. Os índices são tão bons que, em alguns capítulos, já chegou a ultrapassar I Love Paraisópolis na audiência e encostar na fracassada Babilônia (que vergonha!).


Escrita por Elizabeth Jhin, de novo a autora recorreu ao misticismo (com elementos espíritas) para contar a história de amor entre Lívia (Alinne Moraes) e Felipe (Rafael Cardoso). O casal protagonista, que se apaixonou à primeira vista (é claro!), terá que enfrentar uma série de dificuldades para viver esse amor. No passado, Emília (Ana Beatriz Nogueira) vivia com um grupo de espetáculos mambembes e, em uma de suas apresentações, conheceu Bernardo (Felipe Camargo), por quem se apaixonou, sendo correspondida. Mas o rapaz era filho único da Condessa Vitória (Irene Ravache), que não aceitou o romance de seu filho com uma plebeia. A poderosa mulher ainda preparou uma armadilha para matar a ex-futura nora, mas, por ironia do destino, acabou atingindo Bernardo, que é dado como morto. E Emília, além de ter escapado, estava grávida dele. A criança era justamente Lívia, a mocinha da novela. Para piorar ainda mais a situação, Felipe, que vem a ser sobrinho neto da Condessa, está noivo da ambiciosa Melissa (Paolla Oliveira), que fará de tudo para se casar com ele. E ainda tem o mau-caráter Pedro (Emílio Dantas), que nutre uma paixão doentia por Lívia e não descansará enquanto não conquistá-la. 


Além do Tempo não apresenta nenhuma grande novidade. Sua história principal é o que há de mais clichê em toda a teledramaturgia mundial: um casal que se apaixona à primeira vista que terá que enfrentar vários percalços, armações, intrigas, separações e vai-e-vem para viverem felizes para sempre no final. Nada além do que já vimos antes em outras novelas e até mesmo em seriados, filmes, desenhos, contos de fadas, enfim... Mas então porque Além do Tempo está fazendo o maior sucesso? Simples... É melodrama puro! E dos bons, hein! Fazia tempo que uma novela das seis não seguia à risca a cartilha clássica de um folhetim. Basta ver as últimas novelas do horário e comparar: Meu Pedacinho de Chão foi uma grande ousadia, mas acabou causando certa estranheza em parte do público por sua estética lúdica e poética completamente diferente de tudo que já se viu; Boogie Oogie usou e abusou dos clichês, mas tinha um ritmo ágil; e Sete Vidas, como bem falei no início dessa matéria, fugiu completamente dos clichês tradicionais de todo folhetim com uma trama focada nas relações humanas com extrema sutileza e sensibilidade. Já Além do Tempo retoma o clichê das novelas de época. Além da tradicional guerra entre famílias, a novela abusa da dualidade entre o bem e o mal: os mocinhos são sempre bons e íntegros e os vilões malvados e cruéis. Não há dubiedade, nem meio termo. Todos os personagens são bem estereotipados e há um clima bastante teatralizado. Entretanto, aos poucos, o exagero inicial da produção foi ficando um pouco de lado. Atualmente, as interpretações estão mais suavizadas.


Um dos maiores trunfos de Alem do Tempo é a cota generosa de segredos entre os personagens que o público desconhece (alguns, já foram revelados): a Condessa Vitória tem um histórico nebuloso; Emília esconde de todos seu passado sofrido; Rosa (Carolina Kasting) conhece Bento (Luiz Carlos Vasconcelos) não se sabe de onde e tem um segredo chantageado por ele; Ariel (Michel Melamed) é um cocheiro que misteriosamente interfere na vida das pessoas; um homem para lá de misterioso que se esconde no meio da mata vive causando tumulto no vilarejo de Campobello; e por aí vai... Esse ambiente de mistério é plenamente traduzido com sensibilidade pela direção competente de Rogério Gomes. Todas as cenas possuem um certo caráter soturno. E agora a trama ganhou um folego novo com a revelação de que Bernardo está vivo e é ele esse tal homem misterioso que vive se escondendo na mata. Outro ponto positivo é o elenco. Irene Ravache está perfeita como a inescrupulosa Condessa Vitória e seus embates com Ana Beatriz Nogueira, que está dando um show como a sofrida Emília, são espetaculares. Ver Alinne Moraes de volta às novelas, após quatro anos afastada, é um imenso prazer. A atriz esbanja talento como a mocinha Lívia e foi possível sentir a química entre ela e Rafael Cardoso (que também está muito bem como o mocinho Felipe) logo na primeira cena dos dois juntos. Nívea Maria brilha como a fiel e rígida governanta Zilda. Paola Oliveira vem arrasando como a mimada e ambiciosa Melissa. O núcleo da família de Massimo (Luís Melo), que começou sem grandes atratividades, hoje se tornou uma das partes mais divertidas da trama. Destaco também: Julia Lemmertz (Dorotéia), Luiz Carlos Vasconcelos (Bento), Michel Melamed (Ariel), Mel Maia (Felícia), Flora Diegues (Bianca), Dani Barros (Severa), Anita (Letícia Persiles), Gema (Louise Cardoso) e Carlos Vereza (Padre Luís).

alem-tempo-nucleo-comico

As imagens estão deslumbrantes e o figurino é de extremo capricho. A abertura, ao som de "Palavras ao vento", cantada pela saudosa Cássia Eller, também está de muito bom gosto. Resta saber se a novela vai conseguir manter o ritmo até o final dessa primeira fase e se a passagem de tempo de 150 anos (!!!) vai dar certo. Será praticamente duas novelas em uma, com o mesmo elenco, já que os personagens dessa primeira fase retornarão na segunda completamente diferentes do que eram (os bons podem virar maus, os maus podem virar bons, os ricos podem virar pobres, e vice-versa). Essa tal passagem de tempo tem tudo para proporcionar uma boa virada na trama. Será que quem está gostando desse clima de época vai mesmo gostar da novela quando ela se passar nos dias atuais? Será que uma novela com uma temática tão clichê se passando em 2015 não corre o risco de se tornar monótona e cansativa? Isso só o tempo dirá...


Por fim, Além do Tempo é a prova viva de o público continua adorando um dramalhão clássico. Os velhos ingredientes (romance, desencontros amorosos, vilã cruel e mocinha sofredora) seguem empolgando. O importante mesmo é ter uma história empolgante que prenda a nossa atenção. As vezes, um bom arroz com feijão é bem melhor que muitos pratos gastronômicos por aí...


3 comentários:

  1. novela incrível,estou apaixonada,atores perfeitos,cenas,cenários e figurinos fantásticos....

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  2. novela incrível,estou apaixonada,atores perfeitos,cenas,cenários e figurinos fantásticos....

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