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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Velho Chico exige (muita) paciência e atenção do telespectador




Desde que o Canal Viva surgiu, eu gravo as novelas que adoro rever. E já percebi que as tramas de antigamente (aquelas dos anos 70 e 80) tinham uma particularidade: eram bem mais lentas e arrastadas. Muitas cenas sem qualquer importância, cheias de blablablá. Percebo isso por causa da quantidade de vezes em que uso o controle para adiantar as sequências. Às vezes, fico alguns minutos apertando o FF (que adianta a fita) para chegar a uma cena que realmente faz diferença. E essa é exatamente a sensação que eu tenho assistindo a Velho Chico: parece uma novela de antigamente.

Tem capítulo em que eu poderia ficar no FF quase o tempo todo. Os diálogos são pouquíssimos, enquanto as lindas imagens invadem a TV. Os closes mostrando as reações dos atores estão sendo usados em excesso. A novela está apenas no começo e a partir da semana seguinte avançará no tempo e entrará em sua fase definitiva, então, não poderia estar dando voltas e seria leviano de minha parte dizer que a novela está com "barriga" (aquele período em que nada acontece). A questão não é essa. Quem diz que não acontece nada em Velho Chico, não deve estar acompanhando direito a novela. Desde os primeiros capítulos, muita gente importante morreu, nasceu, amores surgiram, ódios se acirraram, enfim, uma novidade a cada capítulo. O ritmo é que é devagar demais mesmo.


Não sei como é a vida de vocês, mas a minha é uma agitação só. Necessito ver o máximo de programas que eu consigo porque tenho que ter assunto para falar com vocês sobre a televisão. Mas também preciso estudar, almoçar, ajudar nas tarefas domésticas, tomar um banho demorado e relaxante, conversar com a família, namorar, navegar na internet, sair, passear, enfim. Viver, né? Por isso, quando me pego vendo uma novela como Velho Chico, fico extremamente agoniado. O telespectador precisa estar 100% atento ao que acontece no folhetim. Do contrário, se tirar os olhos da tela, nem que seja só por alguns segundinhos, corre o risco de ficar mais perdido do que cego em tiroteio.

Não é a toa que a Globo anda exibindo chamadas mais demoradas explicando tudo o que aconteceu na primeira semana e já dando um resumão do que virá nos capítulos seguintes. Um movimento claro de que internamente a emissora percebeu que pouca gente anda entendendo a história. Com ares de minissérie ou um filme de mega produção, Velho Chico, de fato, exige paciência e atenção. Só que televisão é, antes de tudo, entretenimento. De nada adianta olhar para uma obra de arte durante mais de uma hora todos os dias com o telespectador quase dormindo ou então perguntando o que aconteceu para quem está ao lado. Os primeiros capítulos estão sendo desafiadores. Com poucos diálogos e ação, nós somos obrigados a parar tudo que estamos fazendo e degustar cada cena da novela para conseguir entendê-la; tornando-se, consequentemente, cansativa de se ver.


Talvez, seja uma questão de tempo pro público se adaptar com o estilo da nova trama. Velho Chico estreou justamente para dar um tempo nos folhetins pretensamente "inovadores" (os que se valem de linguagem de seriado, câmera nervosa e afins) e resgatar o bom e velho folhetim. O mesmo Benedito Ruy Barbosa assinou uma das maiores pedras no sapato na história da Globo, Pantanal, que chegava a exibir mais de cinco minutos de puro nada. Com imagens de paisagens maravilhosas e um trilha bem brasileira, a novela acabou conquistando o público por ser diferentona (para aquela época). Mas os tempos são outros. Se não tiver um motivo muito forte e algo que prenda a atenção, ninguém vai deixar a TV ligada para ver tuiuiús voando no horizonte infinitamente. Eu, pelo menos, não vou.

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